05 dezembro 2010

ANTES DE RECLAMAR


ANTES DE RECLAMAR
Eu gosto de reclamar. Você não gosta? Ah, qual de nós, por melhor que seja, não sente cócegas na língua para reclamar de alguma coisa, ao menos uma vez ao dia? “A comida está quente”, “o ônibus estava lotado”, “o salário não deu”, “seu beijo não foicaliente”, “o tempo está mudado”, etc.

Se eu deixar meu ser interior à dianteira da minha razão e do controle do Espírito Santo em mim, passo o dia a reclamar de tudo. Reclamar de mim, dos outros, do mundo, da vida, da eternidade, das roupas, e até dos sonhos.

Contudo, tenho feito isto, e talvez ajude a você também.

Antes de reclamar do tempero, da temperatura, da quantidade, do aroma da comida,
Lembro-me que há aqueles que não têm escolha, a única opção é passar fome ou comer o que ainda resta.. Também me lembro dos cristãos, presos nos cubículos fétidos das prisões, que ganham uma fatia de pão por semana e um copo com água por dia. Então digo: “obrigado, Senhor!”

Antes de reclamar das lágrimas que verti por uma mulher, por um amor perdido, uma paixão do passado, um sonho desfeito, uma mãe que morreu,
Lembro-me daqueles que nunca amaram, que nunca tiveram uma mãe ou um pai, que foram renegados e relegados ao desprezo e ao abandono, que vivem ou viveram sozinhos num mundo inóspito e desprezível. Então digo: “obrigado, Senhor!”

Antes de reclamar da saúde, da dor nas costas, da hérnia de disco, do nervo ciático, do problema do coração ou da pressão,
Lembro-me daqueles que adoecem num povoado ribeirinho, sem acesso aos médicos, daqueles que não têm outros cuidados senão o de plantas e o das orações, daqueles que padecem de males tão simples, mas sem socorro nenhum, daqueles que sofrem nos hospitais, nos estágios terminais de um câncer, aleijados, sem órgãos básicos à sobrevivência, e digo: “Obrigado, Senhor!”

Antes de reclamar do país, do governo, do partido, do sistema, dos ladrões engravatados, dos religiosos mentirosos, da estrutura falida da administração,
Lembro-me daqueles que vivem sob governos terroristas, na mira de uma metralhadora, cujas mulheres não podem ser livres, e os jovens não podem rezar por outra cartilha; lembro-me dos que são obrigados a servir o exército e morrer sem confiar naquela causa, lembro-me dos que não têm liberdade de ouvir o evangelho nem de portar uma bíblia, dos que não podem expor publicamente a sua fé, e digo então: “Obrigado, Senhor!”

Antes de reclamar do pouco dinheiro, do salário insuficiente ou não pago como deveria, antes de reclamar da conta corrente quase esgotada e da carteira vazia,
Lembro-me dos que trabalham o mês inteiro para cortar cana, e recebem menos do que tinham antes, que não conseguem mais fazer uma bóia quente, porém, só fria; lembro-me dos que juntam o ano inteiro para comprar um par de sapatos ou um sabonete de cheiro, lembro-me dos que dariam tudo para ao menos terem uma cama quente no inverno e um refrigerante gelado no verão, e não têm. Então eu digo: “Obrigado, Senhor!”

Mas, quando faço isso, sinto no peito uma dor, a dor de quem não merece o que tem, e peço ao Pai: “Senhor, ajuda-me, neste dia que me dás, a repartir a minha comida com alguém que atravessa a dor da fome, a dar meu ombro a alguém que chora por um amor perdido ou um ente que se foi, a curar a doença ou amenizar a dor física de um moribundo, a usar da liberdade de meu país para divulgar a todos as boas-novas do Evangelho libertador, de Jesus Cristo, ajuda-me a realizar o sonho de alguém que é mais pobre do que eu, sem esperar por recompensas ou pagamentos. Afinal, se tenho alguma coisa, devo tudo a Ti."
 
Então vivo muito mais feliz, muito mais contente, e, conquanto não possa transformar todo o mundo do jeito que gostaria, posso fazer diferença na minha vida, vivendo sob ações de graça, e posso interferir na penúria de alguém, cujo caminho cruzar-se com o meu, e mostrar-lhe o quanto é bom repartir e agradecer.
 
Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco. (1Ts 5:18) 


Que assim seja.
Amém.
 
Wagner Antonio de Araújo
Igreja Batista Boas Novas de Osasco SP

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