16 dezembro 2010

Um Momento

UM MOMENTO
de Max Lucado

Tudo aconteceu num momento, um momento dos mais notáveis.
No que se refere a momentos, esse não parecia diferente dos outros.
Se você pudesse de alguma forma tirá-lo da linha do tempo e
examiná-lo, ele pareceria exatamente igual àqueles que passaram
enquanto você lia estas palavras. Ele veio e foi embora. Foi
precedido e sucedido por outros justamente como ele. Foi um dos
incontáveis momentos que marcaram o tempo desde que a eternidade pôde
ser medida.
Mas, na realidade, esse momento particular não foi como nenhum outro.
Porque através desse segmento de tempo ocorreu algo espetacular. Deus
tornou-se homem. Enquanto as criaturas da terra andavam descuidadas,
a Divindade chegou. Os céus se abriram e colocaram seu bem mais
precioso num útero humano.
O onipotente, em um instante, se tornou frágil. O que fora espírito
se tornou palpável. Ele que era maior que o universo veio a ser um
embrião. E aquele que sustém o mundo com uma palavra decidiu depender
para sua nutrição de uma jovenzinha.
Deus como um feto. A santidade adormecida num ventre. O criador da
vida sendo criado.
Deus ganhou sobrancelhas, cotovelos, dois rins e um baço. Ele se
esticou contra as paredes, e flutuou no líquido amniótico da mãe.
Deus se aproximara.
Ele veio, não como um lampejo de luz ou como um conquistador
inacessível, mas como alguém cujos primeiros gritos foram ouvidos por
uma camponesa e um carpinteiro sonolento. As mãos que o sustentaram
pela primeira vez eram calosas e sujas, mal cuidadas.
Nenhuma seda. Nenhum marfim. Nenhuma festa. Nenhuma pompa.
Se não fosse pelos pastores, não teria havido recepção. E se não
fosse por um grupo de contempladores de estrelas, não haveria
presentes.
Os anjos olhavam enquanto Maria trocava as fraldas de Deus. O
universo observava maravilhado enquanto o Todo-poderoso aprendia a
andar. Crianças brincaram na rua com ele. E se o líder da sinagoga em
Nazaré soubesse quem estava ouvindo os seus sermões...
Jesus talvez tenha tido espinhas. Ele quem sabe não tinha boa voz.
Uma garota da mesma rua pode ter-se interessado por ele e vice-versa.
E possível que seus joelhos fossem ossudos. Uma coisa é certa: Embora
completamente divino, Ele era completamente humano.
Durante trinta e três anos ele sentiu tudo que você e eu já sentimos.
Sentiu-se fraco. Cansou-se. Temeu o fracasso. Gostava do sexo oposto.
Pegou resfriados, teve problemas com o estômago e transpirava. Seus
sentimentos ficavam feridos. Seus pés se cansavam e sua cabeça doía.
Pensar em Jesus dessa forma parece até quase irreverente, não é? Não
é algo que gostemos de fazer, sentimo-nos pouco confortáveis. E muito
mais fácil manter a humanidade fora da encarnação. Limpar a sujeira
em volta do estábulo. Limpar o suor dos seus olhos. Pretender que ele
nunca roncou, limpou o nariz ou bateu com o martelo no dedo.
E mais fácil aceitá-lo desse modo. Há alguma coisa sobre mantê-lo
divino que o conserva distante, acondicionado, previsível.
Mas não faça isso. Por favor, não faça. Permita que ele seja humano
como pretendeu ser. Deixe que entre na sujeira e no lixo de nosso
mundo. Pois só se o deixarmos entrar é que ele pode tirar-nos dele.
Ouça suas palavras.
"Ame seu próximo" foi dito por um homem cujos vizinhos quiseram
matá-lo.(Mc 12:30; Lc 4:29 )
O desafio para deixar a família em favor do evangelho foi feito por
alguém que despediu-se da mãe com um beijo na porta de casa.(Mc
10:29)
"Ore pelos que o perseguem" veio dos lábios que logo estariam
suplicando que Deus perdoasse seus assassinos.(Mt 5:44; Lc 23:34)
"Estarei sempre com você" são as palavras de um Deus que num instante
fez o impossível, a fim de tornar tudo possível para você e para
mim.(Mt 28:20)
Tudo aconteceu num instante. Num momento... um momento memorável. O
Verbo se fez carne.
Haverá outro. O mundo verá outra transformação instantânea.
Veja bem, ao tornar-se homem, Deus possibilitou ao homem ver Deus.
Quando Jesus foi para casa ele deixou aberta a porta de trás. Como
resultado "transformados seremos todos, num momento, num abrir e
fechar de olhos".(1 Cor 12:51-52)
O primeiro momento de transformação não foi notado pelo mundo. Mas
pode estar certo que isso não acontecerá com o segundo. Da próxima
vez em que disser "um momento...", lembre-se que esse é todo tempo
que vai ser necessário para mudar o mundo.

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