17 março 2012

Andando e Berrando


Andando e Berrando

 
Não é fácil deixar para trás aquilo que amamos. Romper com o objeto do amor é umas das experiências emocionais e espirituais mais difíceis de experimentar. Mas, na maioria das vezes, para atender um chamado de Deus, alguma coisa amada precisa ser deixada para trás.
             
Quando a arca foi retida por sete meses, em território filisteu, após a tragédia da família do sacerdote Eli, muitos males vieram sobre a nação filisteia. Devolver a Arca da Aliança ao seu devido lugar era a única forma de por fim ao sofrimento.
            
Os líderes religiosos pagãos sabiam do poder do Deus de Israel. (I Sm 6.5-6). Citaram para os líderes políticos a experiência de Faraó que, mantendo o coração duro, para não obedecer a Deus experimentou as dez pragas e, no final, foi obrigado a obedecer. Isso me faz refletir, pois, não raramente, surgem entre nós pessoas que, nem debaixo do sofrimento, se quebrantam, pelo contrário, enrijecem  ainda mais o coração.
            
  
Obediência não era mais opcional. O método foi revelador de que obedecer pode causar muita dor, mas o gozo posterior é sempre maior. Um carro novo foi feito para a missão. Quanto respeito por Deus entre pagãos! Duas vacas, com bezerros amamentando, foram separadas para a missão: Devolver a Deus o que é de Deus. Seus bezerros foram retidos em casa, enquanto elas, puxando o carro, sem nenhum condutor, seguiam rumo ao território de Israel.
             
Foi uma caminhada de dor. A Bíblia diz que elas seguiam, “andando e berrando, sem se desviarem nem para a direita e nem para esquerda”. Deixaram para trás seus bezerros, objetos de seu amor, que com certeza, também berravam pela ausência de suas mães. Lá foram oferecidas em oferta de sacrifício a Deus. Algumas lições posso aprender aqui:

1-      Não se brinca com o sagrado. As coisas de Deus devem estar em seu devido lugar;
2-      Um carro novo fala que para Deus, o melhor. Quantos “carros velhos”, sem serventia, têm sido usados para conduzir o sagrado;
3-      Aprender com os erros dos outros pode poupar muita dor. Os sacerdotes filisteus disseram: “não repitam o mesmo erro de Faraó. Não endureçam o coração. Obedeçam logo”;
4-      Andando e berrando, deixando para trás o que se ama tanto. Obediência nem sempre é um ato prazeroso. Pense nisso, quanto ao ato de entregar dízimos e ofertas na casa do Senhor. Temos muitos argumentos para não obedecer, qual tal, ir “andando e berrando”, deixando para trás o nosso amor ao dinheiro, e colocar o que é de Deus no seu devido lugar. Pense também quanto ao prazer sexual fora do casamento. Faça sua própria relação dos amores que precisam ser deixados para trás;
5-      As vacas caminhavam, sem se desviarem. Tinham foco. Nenhuma outra voz interferiu no chamado divino. Quantos desvios temos tomado em nossa caminhada?
6-      Elas caminhavam para tornarem-se oferta ao Senhor. Foram mortas e oferecidas a Deus. Somos conclamados a nos “apresentar como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus”. Isso sim é culto racional, decisão inteligente.

Que Deus nos ajude a obedecer, a renunciar e caminhar para ser oferta ao Senhor, mesmo que isto, na maioria das vezes, não seja prazeroso e ainda precisemos fazê-lo, “andando e berrando”.

Walter da Mata