28 março 2012

ESTÁ TUDO DOMINADO



O atributo humano de maior valia, sem dúvida, é a liberdade. O modo como a gerenciamos, decide até o limite da vida e morte. Então, a liberdade é, ao mesmo tempo, preciosa e perigosa. Mesmo assim, o melhor bem do mundo é a liberdade. Perdê-la, é a pena maior.
             
Jesus veio ao mundo para trazer liberdade aos cativos (Lc. 4.18). Ele mesmo disse: “Se o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres”. Jo. 8.36.
             
A verdade desses textos deixa claro que ser de Cristo é ser livre, tão livre que segui-lo ou deixá-lo é fruto da liberdade. Em Jo. 6.66, muitos fizeram a escolha de “voltar atrás e já não andavam mais com Ele”, mas os doze entenderam de continuar com Jesus. (6.68)
             
Se existiu algo que revoltava a Jesus, era uma religião exploradora, opressora, dominadora e controladora. (Mt. 23. 14-15) Em nossos dias,  o fenômeno do controle pela religião manifesta-se das mais diversas formas, vou destacar duas:

Os espiritualizados: por meio falsas visões, profecias mercantis, recados do senhor e uma gama de invencionices, exploram, controlam, dominam e oprimem. Aqui, a rede de controle chega até fora dos arraiais evangélicos. Por causa desses, muita gente já perdeu bens, identidade e a racionalidade, mas o veneno é tão forte que deixa na vítima um sentimento que lhes faltou a fé necessária. Para estes recomendo: “Não tolerem os que tentam governar a vida de vocês, exigindo reverência e insistindo que vocês se juntem a eles, em sua obsessão por anjos e visões. É tudo conversa fiada” (Cl. 2.18 Mensagem)

O poder da liderança: aqui o liderado tem a mente sugada, perde o poder de decisão sobre as coisas básicas da vida e até mesmo a inteligência. Controle total.
Participei, junto com outro pastor, de um encontro no qual seríamos equipados para treinar líderes e fomos surpreendidos com o que foi chamado o cerne da liderança. O instrutor abaixou-se, apanhou um graveto e com a mão bem alta perguntou: O que é que tenho na minha mão? Julgando-me um gênio, prontamente respondi: um pedaço de madeira. Outros gênios presentes confirmaram minha clarividência.  Então ouvi a coisa mais absurda: “Se eu sou seu líder e afirmar que isto é ouro, você vai morrer defendo isto, pois você está debaixo de autoridade”.
Quase sofri uma metamorfose, pois me senti transformado em um burro. Arrumei minha mala e fui embora. O sistema era “mala” demais para mim.
             
Aqui temos uma multidão de cristãos que não pode comprar, vender, disciplinar seus filhos, orar pelos enfermos de sua casa, marcar férias no trabalho, viajar e outras formas de controle, se não tiver a bênção do líder. Não tem um chip na palma da mão ou na testa, uma espécie de “marca da besta”, mas vive robotizada, como se tivesse um chip em vez de mente. Se tentar sair, recebe uma palavra de maldição. Isso é feitiçaria.
            
No meio de tanta confusão, vejo como o fator agravante o fato de ter gente que gosta de ser controlada. Uma espécie de masoquismo religioso: quanto mais explorado e abusado, mais gosta. Tem prazer em não ser responsável por nada em sua vida. Todos os setores da vida são decididos pelos “profetas” ou pelos “líderes”, uma espécie de guru gospel, e o final dessa história é que formamos uma geração de evangélicos sem evangelho, sem bíblia, imaturos e manipuláveis e que vão reproduzindo conforme sua espécie.

Que Deus abra os olhos do nosso entendimento!