08 março 2012

O Amor De Jesus A Uma Mulher

Momento Íntimo Com A Mulher Apanhada em Adultério

"Então, erguendo-se Jesus e não vendo a ninguém senão a
mulher, perguntou-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus
acusadores? Ninguém te condenou? Respondeu ela: Ninguém,
Senhor. E disse-lhe Jesus: Nem eu te condeno; vai-te, e não
peques mais" (João 8:10, 11).
O tumulto podia ser ouvido a um quarteirão dali,
interrompendo o pacífico entardecer da cidade. E ali, no
meio da multidão que se reunira para ouvir a Jesus, ela foi
atirada. Descalça e desgrenhada. Transpirando por causa do
esforço que fizera, jazia ali. Tinha o cabelo molhado
caindo-lhe no rosto. Os maxilares, endurecidos. Os dentes,
cerrados. Os lábios pressionados em resistência. As narinas
dilatadas numa respiração aflitiva. "Adúltera!", acusam-na.
"Apanhada em flagrante!" Mas por quem? E por quê? Os mestres
e fariseus pedem que se cumpra a Lei, e querem a pena de
morte. Mas para que uma pessoa sofra a pena de morte, a Lei
exige que haja pelo menos duas testemunhas. Testemunhas para
o ato de adultério. Pode o leitor imaginar a cena? Fariseus
que sussurram e espionam, espreitando curiosos à janela da
casa onde estava aquela mulher. Por quanto tempo ficaram
ali? O quanto teriam visto? Não estariam seus corações
igualmente cheios de adultério ao espreitá-la naquele lugar
de encontros clandestinos? No mínimo dois testemunharam o
ato. Embora sem escrúpulos pelo pecado, e nenhuma compaixão
pelo pecador. Quando já haviam visto o suficiente, esses
protetores da moralidade arrombaram a porta do quarto onde
ela estava nua e indefesa. Debatia-se, enquanto eles lutavam
para subjugá-la. Enfiaram-lhe as roupas como se fosse um
animal capturado num saco, e esperneando e gritando foi
levada à praça do mercado. Chegou assim ao templo. Arrancada
da privacidade de um abraço roubado e lançada à vergonha
pública. Isto, pensava, é o fim. Seu destino sempre ligado
ao dos homens. Das mãos deles havia recebido o pão. Agora,
pedras. Lá está ela, sombria e calada, o olhar de ódio. A
cada olhar, retorna outro, vindo de cada um que a cerca,
devolvendo-lhe o ódio incandescente que marca sua alma.
Todos a encaram, exceto Jesus. Enquanto isso, onde está o
seu amante? Permitiram-lhe que escapasse pela janela, com o
apoio das testemunhas? Sem dúvida, fazia parte da
conspiração . . . a conspiração de apanhar Jesus numa
armadilha. Pois não era a mulher que eles queriam destruir,
nem tão pouco era a Lei que queriam preservar. Ela era
apenas a isca; as perguntas que faziam, eram a mola da
armadilha. Mais de uma vez Jesus demonstrara compaixão pelos
pecadores. No entanto, a Lei de Moisés é inflexível e
imparcial para com eles. Se os líderes religiosos queriam,
de algum modo, colocar Jesus entre a sua lealdade às tábuas
da Lei e o seu imperturbável amor pelos pecadores,
certamente isso mostraria a todos de que lado estava Jesus.
Se a escolhesse, raciocinavam, e Ele naturalmente o faria,
estaria renunciando à Lei. Teriam uma justificativa para
acusá-lo perante o Sinédrio. A pergunta que usaram para
lançar a armadilha não era de natureza teórica, como por
exemplo: "Qual das esposas ela será após a ressurreição?" E
questão de vida e de morte, da qual dependia não somente a
sorte dessa mulher, mas também o destino de Jesus Cristo.
Para desapontamento dos líderes, Jesus não entra no debate.
Simplesmente, abaixa-se e concentra-se em pensamentos. O
silêncio é impressionante; o drama, intenso. Com os dedos,
ele escreve na areia. As cabeças inclinam-se para decifrar a
escrita. Permanecerá para sempre um mistério. Talvez fosse a
respeito dos pecados cometidos pelo povo. Talvez fosse uma
citação de Moisés. Talvez escrevesse os nomes dos líderes
preeminentes da cidade. O que tenha sido, não foi para os
nossos olhos, apenas para quem estava lá. Jesus levanta-se.
Todos os olhos fixam-se nele. Por fim, responde: "Aquele que
dentre vós está sem pecado, seja o primeiro a lhe atirar uma
pedra". Uma a uma, as pedras caíram ao chão. E um a um,
afastaram-se dali. Começando pelos mais velhos, talvez por
serem os mais sábios . . . ou, quem sabe, os mais culpados.
Jesus abaixa-se para escrever novamente. Desta vez, apenas
para a mulher. Estão sós, agora - transgressor e legislador.
E o único qualificado para condená-la, não o faz. Ela dá um
longo suspiro. O coração palpitando como uma mariposa presa
entre as mãos. O Salvador enfrentou a todos por ela, e lutou
por ela. Ela é a vitória dele. Levanta-se novamente, desta
vez para libertá-la: "Ninguém te condenou?" pergunta. Ao que
ela responde num tímido balbuciar: "Ninguém, Senhor".
Quieta, ela aguarda. Com certeza, ele lhe preparava um
sermão. Mas não houve sermão algum. O que ouve foram
palavras de graça: "Nem eu também te condeno", e palavras de
verdade: deveria deixar para trás a vida de pecados. O
tremor diminui. As feições abrandam-se. As rugas da testa se
desfazem. Devo ficar?Devo perguntar alguma coisa?Devo
agradecer-lhe? As dúvidas percorrem sua mente. Olha-o. O
semblante está se descontraindo. Para ele também havia sido
uma provação. Respira fundo, e seu sorriso parece dizer:
"Vai, você está livre agora". Abre a boca para dizer algo.
Mas as palavras não vêm. Afasta-se, e antes de dobrar a
esquina, pára. . . pensa. . . e olha para trás a fim de
agradecer-lhe. Mas Jesus está sentado, com a face apoiada
nas mãos, orando ao Pai. Volta-se e então segue seu caminho,
deixando para trás uma vida de pecado. Não há lágrimas
agora. Anos mais tarde, haverá. Em alguns momentos durante o
dia, quando olhar para os filhos adormecidos em seus leitos;
ao despedir-se do marido quando este sair para o trabalho,
de manhã; ao amassar pão na solidão da cozinha. Um casamento
que não deveria ter sido realizado. . . uma família que não
deveria ter tido. . . uma vida que não deveria ter vivido.
Estava diante do Salvador. Um Salvador que enfrentara a
todos quando queriam lançar-lhe pedras. Um Salvador que
condescendeu em acolhê-la e enviá-la novamente ao seu
caminho, perdoada.
Oração: Amado Senhor jesus, Confesso, envergonhado, que
algumas vezes já estive no banco dos réus, como condenado. E
houve vezes em que estive entre a multidão, condenando.
Houve vezes em que meu coração se encheu com o espírito do
adultério. E houve vezes em que minhas mãos estiveram cheias
de pedras. Perdoa-me por um coração tão propenso a divagar,
tão rápido a esquecer os votos feitos a ti. Perdoa-me,
também, pela minha pressa em trazer a ti os erros dos
outros. E a minha relutância em trazer os que dizem respeito
a mim. Perdoa-me as vezes em que, como um fariseu, tive a
presunção de colocar-me como juiz de outros. Outros, aos
quais eu não estava qualificado para julgar. Outros, que tu,
embora qualificado, te recusaste a julgar. Ajuda-me a
aumentar minha semelhança contigo, ó Jesus cheio de graça e
verdade. Ajuda-me a viver não pela Lei, mas pela graça, pelo
espírito de compaixão que demonstraste por aquela mulher, há
tantas manhãs passadas. Dá-me, peço-te, a consciência
aguçada dos mais velhos quando encarar os erros de outros,
de modo que minhas mãos sejam as primeiras a derrubar pedras
ao chão, e meus pés os primeiros a deixar o círculo dos que
se achavam perfeitos. Graças te dou por aquelas doces
palavras de amor: "Nem eu te condeno". Palavras que fluíram
tão livremente dos teus lábios. Palavras que, com muita
frequência, tenho ouvido a cada vez que erro. E, na força
daquelas imerecidas palavras, ajuda-me a seguir o meu
caminho e não pecar mais. . .
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Paulo Barbosa
Um cego na Internet
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