"Converteu o mar em terra seca; passaram o rio a pé; ali nos alegramos nele." Sl 66:6
É notável o que se declara aqui: "atravessaram o rio" (situação em que só esperaríamos tremor, terror, angústia e desfalecimento) e "ali", diz o salmista, "nos alegramos Nele"! Multidões de cristãos pode, para a glória de Deus, endossar isto como sua experiência: "ali", exatamente nos tempos de angústia e tristeza, eles têm sido, mais do que nunca, capacitados a triunfar e regozijar-se. Quão de perto se faz presente o Deus da aliança!
E como se destacam as promessas divinas! Nos dias de prosperidade não vemos as promessas, assim como não vemos as estrelas ao brilho do sol. Mas quando vem a noite, a noite profunda e escura do sofrimento, multidões de estrelas começam a aparecer — são constelações que trazem esperança e consolação.
É como Jacó em Jaboque, quando o sol se põe que vem a nós o Anjo divino e lutamos com Ele, e prevalecemos. Era à noite que Arão acendia as lâmpadas do santuário. É na noite da aflição que muitas vezes são acesas as lâmpadas mais brilhantes daquele que crê no Senhor da glória. Foi na solidão do exílio que João teve a gloriosa visão de seu Redentor. Temos muitas outras Patmos neste mundo, cujas lembranças mais belas são as da presença de Deus e do sustento de Sua graça e amor na solidão e tristeza.
Quantos peregrinos, passando ainda por estes mares vermelhos e estes bordões de aflição, poderão dizer, um dia – cheios de lembranças da grande bondade de Deus — palavras assim: "Atravessamos o rio a pé, ali — ali, naquelas experiências escuras, com ondas surgindo de todos os lados, um abismo chamando outro abismo, o Jordão, como quando Israel o atravessou, transbordando por todas as suas ribanceiras — ali nos alegramos Nele"!
Sim, essa alegria é reservada aos que resolvem confiar e esperar, pacientemente, no Deus Eterno.
Lettie B. Cowman, em "MANANCIAIS NO DESERTO"